Esofagite Eosinofílica: O Caso Que Me Fez Reforçar a Importância do Diagnóstico Precoce
Hoje foi um daqueles dias que fazem tudo valer a pena. Recebi no consultório o retorno de um adolescente que havia iniciado tratamento comigo há alguns meses. Ele chegou com um quadro grave de esofagite eosinofílica — a ponto de já apresentar estenose e fechamento do esôfago devido à demora no diagnóstico e no início do tratamento adequado.
Na época, ele não conseguia se alimentar normalmente. Tinha dificuldade para engolir, perdia peso e apresentava sintomas que, infelizmente, muitas vezes são confundidos com outras condições. Foi necessário agir com rapidez e iniciar o tratamento intensivo.
Hoje, ele voltou completamente assintomático. Ganhou 9 kg, retomou a prática de atividades físicas e voltou a ser um adolescente com energia, saúde e autoestima restaurada.
Por que é tão importante pensar na esofagite eosinofílica?
Esse caso reforça algo que digo com frequência: não podemos ter medo de investigar com profundidade. A endoscopia, quando bem indicada, pode revelar diagnósticos que mudam completamente o curso da vida do paciente.
A esofagite eosinofílica é uma doença inflamatória crônica, geralmente associada a alergias alimentares ou respiratórias, que leva ao acúmulo de eosinófilos no esôfago. Com o tempo, essa inflamação pode evoluir para fibrose e estreitamento da luz esofágica, dificultando cada vez mais a alimentação.
O grande problema? Muitos pacientes passam anos sofrendo com sintomas vagos, como dor ao engolir, sensação de alimento preso na garganta, perda de peso e até episódios de vômitos — sem que a causa verdadeira seja investigada.
O diagnóstico precoce faz toda a diferença
É por isso que esse retorno de hoje me emocionou. Porque ele é prova viva de que, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível reverter quadros graves e devolver qualidade de vida ao paciente.
Em casos como o dele, o tratamento geralmente envolve mudanças alimentares, medicações específicas e acompanhamento contínuo, com foco tanto nos sintomas quanto na causa de base — muitas vezes ligada a fatores alérgicos e imunológicos.
Um lembrete para todos nós: ouvir, investigar e cuidar
Deixo aqui esse relato como um convite à reflexão. Se você tem sintomas persistentes, se sente que algo não está bem com sua digestão ou se percebe alterações na deglutição, não normaliza o sofrimento. Procure avaliação especializada.
Exames como a endoscopia digestiva alta são aliados importantes no processo diagnóstico.
E para os colegas médicos que me acompanham, especialmente pediatras, alergistas e clínicos gerais: lembrem-se da esofagite eosinofílica como uma hipótese diagnóstica real, especialmente em pacientes jovens com dificuldade de alimentação ou perda de peso sem causa definida.




